[COLUNA] De fato, o que é o nazismo?

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Nazismo de Direita
Para a esquerda, todo regime político brutal e sanguinário é de direita. Portanto, nada mais natural que apontem Hitler e o nazismo como exemplos de conservadorismo direitista. No entanto, a coluna (e o blog) são obrigados a analisar a matéria à luz da Ciência – esta a razão de ser dessas linhas.  Assim, é imperioso destacar a existência de inúmeros problemas no pensamento daqueles que escalam Hitler e seus comparsas na seleção conservadora.

O nazismo era totalitário, porque punha o governo acima dos interesses dos cidadãos, mas não era uma ditadura. Hitler foi eleito democraticamente e permaneceu líder máximo do povo alemão graças às eleições e somente enquanto seu mandato durou. Morreu democraticamente eleito. O racismo, que de fato permeia o pensamento nazista, era apenas um detalhe para atingir os judeus, detentores do capital germânico e mundial no início do século passado. Ou seja, ao agredir judeus, Hitler queria solapar as raízes aristocráticas do capitalismo, tal como os comunistas haviam feito na Rússia pouco tempo antes. Hitler pregava, é fato, a pureza da raça ariana, o que era muito mais um devaneio dele do que dogma político de seu partido.

Não, decididamente o nazismo não era um regime conservador, muito embora características dele tenham enganado pensadores e historiadores por décadas. Quais características? O acúmulo de capital, o segregacionismo em castas, o apoio ao empreendedorismo através da escolha de empresas apaniguadas do poder – a esquerda costuma se recordar bem do fato de que as fardas das SS nazistas eram desenhadas por Hugo Boss e suas máquinas de guerra projetadas pela Bosch e pela Siemens. E de fato eram.

Nazismo de esquerda
Bolsonaro bateu na trave: falou que o termo “nazista” consistia na abreviação do nome do Partido Nacional Socialista. E de fato era. Contudo, não se pode confundir o nacional socialismo alemão com o comunismo. Ambos tiveram berço em Marx, mas o nazismo dele se desgarrou porque seus líderes entendiam, mesmo antes de Hitler, que era possível alcançar o poder com a burguesia e não contra ela, e sem pegar em armas – a solução comunista sempre foi armada. Vejam que, nisso, Hitler e seus camaradas eram mais democráticos que as esquerdas. O capitalismo nazista era um capitalismo de Estado, tal como o da China nos dias atuais. Sua birra com as religiões também era típica das ditaduras comunistas, e Hitler e Stálin foram inicialmente aliados na Segunda Guerra. A Alemanha só rompeu o Tratado Molotov-Ribentropp porque precisava do espaço vital russo para seu projeto expansionista, um tremendo erro estratégico. Os nazistas também eram fissurados em fardas, tal como Stálin, Fidel, Getúlio Vargas, Hugo Chávez, Mao Tsé Tung. Fica tentadora a ideia de colocar Hitler no time da esquerda, não é mesmo? É e não é.

O Nazismo de fato
Marx imaginou a ditadura do proletariado. Queria o povo no poder e seu pensamento era expansionista, mundial. Não colocava a Alemanha no centro do universo e, portanto, não era nacionalista. Relembrem que a extinta União Soviética patrocinava revoluções comunistas no mundo inteiro enquanto durou a Guerra Fria.

Sempre interessou ao marxismo-comunismo o controle mundial, e não tornar a Alemanha (ou a Rússia) independente de outros povos. O marxismo, neste sentido, foi e ainda é uma ideologia missionária. O nazismo também se baseava no controle das massas e utilizou inúmeros artifícios de propaganda tipicamente comunistas, tais como a luta contra os poderosos opressores, fossem eles judeus ou capitalistas, ou ambos. Só que o nazismo, desenvolvido a partir de Marx, em sua gênese esquece a revolução do proletariado para ater-se à burguesia, que hoje chamamos de “classe média” em sentido amplo, inflando-a até que se tornasse uma falsa aristocracia que atingiria o poder pela via democrática, como de fato ocorreu.

O expansionismo econômico alemão está léguas distante do mercado estratificado (ou ausência de mercado) pregado pelo comunismo marxista, e só nisso se vê claramente que é impossível confundi-los. Portanto, o nazismo não foi de esquerda. E nem de Direita.

O nazismo foi o nazismo: um regime totalitário, de exceção, populista, nacionalista. A História, portanto, coloca o nazismo em cima do muro de um mundo politicamente polarizado.

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